Em uma noite de chuva constante, mas que não desanimou o público nem a banda, Paul McCartney encerrou nesta quarta-feira (25) sua quinta passagem pelo Brasil com um show de repertório longo (38 canções, fora trechos de outras) e variado (incluindo músicas que não apareceram em seus sets recentes, como "Hope of Deliverance", "Birthday" e "Yellow Submarine"), no estádio da Ressacada, em Florianópolis.
Simpático e interativo como de hábito, Macca já começou a conversar em português pouco depois de entrar no palco, às 21h30, com sua pontualidade britânica. "Boa noite, manezinhos. Oi, oi, oi, Floripa", disse o ex-beatle para delírio das quase 30 mil pessoas que encheram, mas não lotaram o estádio. "Esta noite vou tentar falar um bocadinho de português, mas vou falar mais inglês, tá ligado?"
A plateia, que abrangia diversas faixas etárias, acompanhava tudo com atenção e encantamento, mas reservava seus momentos de empolgação para os grandes sucessos dos Beatles, o que fez com que a primeira metade do show - que alternou poucos hits, como "All My Loving" e "Drive My Car", com canções menos conhecidas e mais novas - demorasse um tanto a engatar.
Acompanhado de uma banda tão profissional quanto competente (e que completa dez anos a seu lado neste ano), na qual se destaca o performático e bonachão baterista Abe Laboriel Jr, McCartney mostrava-se bastante relaxado, no bom sentido: "É nosso último show da turnê sul-americana, então hoje vamos nos divertir", disse, justificando a inclusão de canções fora do roteiro, como "Birthday", "Ram On" e o trecho de "Yellow Submarine".
A segunda metade de sua apresentação foi praticamente um karaokê coletivo, graças aos incontáveis sucessos (de sua primeira banda e de sua carreira solo) que McCartney pode puxar da manga. É uma fórmula infalível, que rende momentos memoráveis para todos os gostos, desde a sequência semi-acústica iniciada com "I've Just Seen a Face" (e que inclui pérolas como "Blackbird" e a raríssima "Hope of Deliverance", que ele não tocava desde 1993 e tocou pela segunda vez neste ano) até a parte mais roqueira ("Band on the Run", "Back in the USSR", "Live and Let Die") e o ápice do coral, nas baladas de piano ("Let it Be" e "Hey Jude").
Fonte: Folha On line - MARCO AURÉLIO CANÔNICO